Criança x Infância

Vamos agora falar um pouco acerca da diferença entre criança e infância e do fato de uma criança ser algo entre uma estrutura altamente versátil e uma máquina de guerra. O surgimento do conceito, do discurso e das técnicas acerca da infância atuam de maneira repressiva sobre a criança que passa a ter de se adequar a esse discurso cada vez mais estritamente normativo. O mesmo discurso que visa retirar a criança do alheamento, da violência dos adultos e das confusões com o ser adulto, pode torná-la alienada em gráficos e tabelas de uma regulagem normativa linear. Por outro lado a criança tem uma incrível capacidade de assimilar e metabolizar seu ambiente e sua cultura e, por outro, ela não é apenas um devir sujeito, algo que ainda não é: uma criança é um sujeito e se ordena em torno de um subjetividade inquebrantável que pode agir como uma máquina de guerra através do que se apresenta como os chamados sintomas da infância. Se por um lado, até o século 18 poucas crianças sobreviviam para serem batizadas e terem nome; atualmente poucas crianças sobrevivem mentalmente e têm sua subjetividade e singularidade confirmadas na vida adulta. Então devemos nos perguntar que tipo de fantasma a criança desperta? Que tipo de violência subjaz aos seus cuidados? O que se teria de fazer para termos um mundo apto a receber o mundo que as crianças trazem consigo? Dr. Jorge Luiz Veschi